Um suspiro fresco e cansado como a cor
daquilo que não pode ser, porque se esvai
Matéria que não se faz sentir, enquanto o tempo
é curto e também ele se esvai O espírito é livre
e a carne é vazia,
vazia como o tempo e como tela em branco
Inspira a terra viva e um formigamento, mas a
tela não ganha vida, tampouco as folhas -
Folhas que não sopram mais:
O tempo, curto longo, se esvai
Ser tela, ou folhas imóveis
Ou carne sem espírito ou
Espíritos imóveis que fogem de telas
Logo delas, tão límpidas numa Inocência
maliciosa que se fecha
Formigando dentro de si
Tela nunca fui
Aqui, as folhas conspiram
E as cores se disfarçam
Aqui, o espírito é livre, e a mente,
Carne, esboço de nada, apática Divisão
do corpo, que é esboço de cheiro, do
cheiro que retorna, trêmulo
Cheiro de não-tela
Aqui, as cores se disfarçam
Surge já uma essência Descobre
que pode - deve?
Memórias se enlaçam e o cheiro sempre presente
Assusta os sussurros
Sussurros que fogem e não se entregam mais
Um tronco que flutua e a madeira, carne vazia,
Apodrece
Nem sua essência e memórias de tela
Trazem de volta os sussurros
Mas o cheiro - ah, o cheiro!- Esse
sempre retorna
Trêmulo consigo mesmo
E com esta inspiração estúpida;
Que há de conhecer assim,
Além de telas que formigam
E cores que fogem, mornas?
Laços mudos, sombras de esboços
E esboços de terra, de carne,
De nada
Alice Régnier
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