domingo, 31 de maio de 2009

Aspira(dor), um novo texto de Luiza Vilela

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O Tamanduá-bandeira tem apetite para formigas e nasceu com um aspirador; uma dessas maravilhas da natureza, milagre da especialização. Gosta de formigas, caça formigas, aspira formigas — está satisfeito. Sem essa baboseira de ter apetite pra tudo, de querer sugar para sí todos os sonhos do mundo. Somos anatomicamente incompatíveis com esse desejo. Quisera eu, uma pelagem cinza com imponente listra preta, um formato assustador e vontade de formigas apenas; formigas e só. Eu aspiro, aspiro, aspiro e só expiro pó.
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Um comentário:

Carleto Gaspar 1797 disse...

O Tamanduá não passa de um toxicômano

um flanêur que vaga pelos sertões buscando um remédio para sua abstinência infinda