À janela de um prédio em Ipanema, um milagre. Como pôde um bebê de apenas poucos meses cair do segundo andar de um edifício e sair ileso? Não sei se acredito em destino e coisas do tipo, seria Flora uma alma destinada à morte desde seu nascer? Seríamos todos? Eternamente perambulando por nossas consciências estão os pensamentos que recorrem ao fim. Tudo termina em fim? Tudo termina em fim.
Existem teorias (universalmente aceitas e renomadas) que ditam o tempo como relativo, mas se relativo o tempo, então é também relativo o conceito de início, meio e fim. A forma como Einstein relativiza o tempo é mostrando que os mesmos fenômenos demoram tempos diferentes para acontecer levando em conta o espaço que ocupa cada referencial (ou pelo menos é isso que eu entendi).
O fim da vida de Flora ainda não chegou aqui. As memórias, emoções, sentimentos e afetos permanecem vivos demais. É impossível a separação da pessoa que era Flora das memórias que Flora deixou, tudo é Flora.
Como pode o suposto “fim” de Flora fazer aflorar em minha mente tudo que ela era pra mim? Flora pra mim era exemplo de coragem, de força, de sabedoria e de futuro. E quanto mais velho eu fico, mais vejo Flora em mim.
Eu amo arte.
Eu amo ser Diegues.
Eu amo a Escola Parque.
Eu odeio a Escola Parque.
Eu sempre soube que a Flora era confusa.
Acho que nunca estive tão confuso.
Acho que a imperfeição dela me acalma.
Sua imperfeição me ensinou que a hierarquia entre erros e acertos é somente catalógica. Nossas piores falhas e nossas maiores conquistas são igualmente válidas e importantes.
Te amo, Flora. Obrigado
José Bial
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