Enquanto o mundo desfalece,
me parece tudo tão mais vago;
afago com as mãos as desgraças,
e a graça percebo, mas em vão.
Tudo passa na vida, tudo corre;
discorre em mim a vontade inata
da nata colher dos teus olhos verdes,
rede que arria meus sentidos.
Maculo, internamente, o sentimento,
há descontentamento em não ver teu vil sorriso,
piso em estradas descalçadas,
em caladas, mas gritantes, teus olhares.
Tu, razão do meu suspiro,
inspiro-me em escrever em prosa e verso
nunca meço a dor em que me fere;
se queres ser minha não pergunto.
Mas sonho, mulher, com teus olhos verdes,
a sede na polpa que me trazem,
que fazem de mim poeta franco;
e estanco a paz no coração por eles.
Vem, mulher, perceber meu pranto,
o encanto teu molhar minha seca;
seca em mim todas as lágrimas,
lástimas, de mim, foram-se tantas.
Mas entende, mulher, o meu desejo
relampejo aos céus a minha luta,
a fruta dos olhos teus é minha poesia.
Por um segundo, nunca em vão, seja minha.
Galego
Galego é leitor-colaborador da cidade de Salvador - BA.
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