sexta-feira, 11 de abril de 2014

Canção noturna para melodia nenhuma


dois dos muitos pontos de brilho no asfalto
distorcem sutilmente o reflexo da lua
(que tudo o que tem de nua,
pede chuva)

as noites de súbito úmidas
são um balé com corpos tortos
e eu não sei em que ponto do tronco
foco o guarda-chuva para o que não me revela
o outro

tudo o que nunca revelará

- diz que pra atrair mirada
fixa-se um ponto na nuca
e, com um tempo,
a pessoa olha.

(mas não há tempos)

fugisse das pessoas ligeiro
corria a noite, solta
e fixava era o mar

Carina Carvalho

Um comentário:

Sebastião Ribeiro disse...

Gostei! :D Sonoro, em movimento. Bela narrativa plástica. Parabéns, Carina.