terça-feira, 31 de outubro de 2023

Os olhos de um poeta cego


Nas terras por meus olhos esquecidas, 
Onde a lei só se faz na palmatória, 
Senti, em meio aos charcos e às feridas, 
A realidade mais contraditória! 

Perto e longe de todas essas vidas 
Largadas sem destino pela história, 
Vi que são igualmente submetidas 
À voz da solidão e da memória! 

É no céu dessas terras, dessa gente, 
Sob a mesma Bandeira em minha frente, 
Que o relho se renova mais hostil... 

Este País um labéu violento encerra, 
Pois tais terras não são a mesma terra 
Que aprendi a chamar de meu Brasil!...

Guilherme Ottoni

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