guardo na língua
uma (d)estrutura
verborrágica
versos
(não) verbalizados
efervescentes (que evaporam na minha boca como vitamina c
na água)
como se o
freio
da língua
bloqueasse
a passagem dos verbos mais
viris
e o acúmulo de saliva fosse o
Rio São Francisco
dividindo territórios
entre o dito
e o não dito
guardo na língua
a mistura de
sotaques
uma sopa de
letrinhas
uma (d)estrutura
fonética
sondando o meu
chiar
chacina identitária
da paraibana pronunciando
ixqueiro (um incêndio queimando o mapa das territorialidades que me
atravessam)
guardo na língua
o sabor
da seriguela
o sumo suculento da fruta
desabrochando amarelo sob o meu
paladar
guardo na língua
o tom de voz de voinha
pedindo para eu pisotear suave os galhos das árvores para não
cair
guardo na língua
restos
de exteriores
partículas in
digestas de
estrogonofe
espermatozoides
ex
am(arg)ores
guardo na língua
a sua elasticidade
estica
dobra
curva
guardo na língua
mucosa
micróbios
fibras
tais como as de um tentáculo de um polvo
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