Amarei mesmo Fulana?Ou é ilusão de sexo?Talvez a linha do bustoDa perna, talvez o ombro
Amo Fulana tão forteAmo Fulana tão dorQue todo me despedaçoE choro, menino, choro
Mas Fulana vai se rindo
Vejam Fulana dançando
O autor reflete constantemente sobre o amor em si e seus efeitos e transformações no âmbito individual ou coletivo:
Um dos pontos mais problemáticos é o enlace do amor com o conhecimento, como os percalços existentes na impossibilidade de se fundir emoção com razão, reforçando mais um dos aspectos da dialética barroca do poeta mineiro. Se ‘minerar’ remete a explorar, extrair, garimpar, o poema propõe a ‘decifração da decifração a que obriga o sentimento’. Arrigucci Jr. (2002, p. 113) ressalta ainda que ‘o caráter problemático do amor é também o da linguagem poética que se esforça para exprimi-lo: alquimia insólita, que deve transformar em poesia o ouro já transformado em outro ser’. (ERTHAL, 2016)
Este caráter é trabalhado em textos como Entre o Ser e as Coisas, Amar-Amaro, Véspera e Memória. Exemplifica-se no trecho do poema Amar:
Que pode, pergunto, o ser amorososozinho, em rotação universal, senãorodar também, e amar?amar o que o mar traz à praiao que ele sepulta, e o que, na brisa marinha
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Luisa Issa
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