quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Aprendizagens do dia
Tudo se instala sobre a névoa
Da chuva de um tédio ou mais um dia
Sem qualquer aprendizagem.
Se encolhe lentamente sobre as almofadas
No modo a escolher algum animal marinho
A se parecer com seus pés úmidos
Arrastados pelas ruas, mas ontem,
Hoje, o nome lhe arqueja fósseis presentes
Ou a respiração de uma lula gigante
Mas não é nada ou são os sons minúsculos
Pingos que soletrassem a suspeita de
Alguma visita lhe trazer o passado por
Essa porta. A vida dos peixes se encolhe
Diante de um mar radioativo, seus pés
Tentaram as noites por debaixo dos lençóis
Sem qualquer movimento rápido.
Ela tenta se desfazer dos pequenos ventos
Do que a névoa não detém: aparições
Desfazer do que a vida não dá conta:
Essa infância interminável como lanças
De polvos destoando os objetos da casa:
A escrivaninha herdada, a boca esse vocábulo
De pântanos seu céu em estalos
Balbucia mas é silêncio,
Convence ao que rebrilha nas frestas
Do fundo do mar, da névoa
Da chuva ou do cigarro
Do corpo que se move no duplo
Sendo-o na senda insuspeita
Dos objetos que lavram
Palavra vida
À concessão das pedras
Das grutas feitas apenas
Ao derramamento.
Maria Carolina De Bonis
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