quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Bar Nietzschevah


Dona Serafina
Será fina
Quando pegar na vela a cera fina
(Na sua orgia pessach-lina
Entre perus, frutas secas
E roupas cheirando à naftalina)
Deixando seus dedos ruborizarem
Com o brilho ainda mais cintilante
Do que o dos rubis à mostra em seu pescoço.
No agir de sua insana consciência
Em meio à escuridão iluminada de suas jóias
Em meio à fartura vomitada à mesa
Com o auspício dos campos de concentração
(De renda)
Em meio a sua retórica de Alzheimer
Em meio a suas memórias de Weimar
Mãos artríticas de bombas que inflamam
As articulações da alma
Segurando seu colar
Com a boca torta
E o coração forte, porém complacente
Declara a seus descendentes,
Assim, inadvertidamente
E na sabedoria do acaso doente:
“Foi roubado no meio de uma chacina,
Mas quando a liberdade é roubada,
O crime não se sente”.
Volta-se a sua função obrigatória de deglutir
Sem sentir
Fala qualquer frase em Ídiche
E termina de comer sua quiche.

Felipe Zava


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