segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Julgamento


São os olhos
Olhos vermelhos
Olhos irônicos
Olhos de todos

Te elevam
Observam a sua ascensão
Brilham para você
Piscam, observam, brilham, mentem.

Te atingem
Lançam flechas em suas costas
Te puxam, prendem, e derrubam
Flechas lançadas em tons de verde.

Te afundam
Brilham novamente
Mas não para você
Brilham à luz do fracasso.

São os dedos
Dedos podres
Dedos afiados
Dedos de todos

Te elevam
Apontam para cima
Te carregam
Afagam, apontam, carregam, iludem

Te atingem
Apontam para você
E disparam
O acusam, de baixo para cima.

Te afundam
Aqueles que o levantaram
O apontam para baixo,
E acompanham a sua queda.

São os dentes
Dentes sujos
Dentes famintos
Dentes de todos

Te elevam
Se mostram para você
Refletem o seu sucesso
Exaltam, se mostram, refletem, julgam

Te atingem
Fincam na tua carne
O verdadeiro sentimento
Que não reflete a quem os vê.

Te afundam
Se mostram para você
Irônicos e verborrágicos
Fortalecem o seu enfraquecer

Olhos de todos
Dedos de todos
Dentes de todos

Seus, apenas seus.

Monteiro de Castro


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