"– Roubada foi
Do túmulo de meu
amor
Que afronta aos
entes queridos
Não se rouba uma
flor"
Todos exasperados
Onde está o ladrão?
Procura de cá e de
lá
Mas que baita
confusão
Uns choram de
tristeza
Outros riem de
desespero
A velha agarrada à
bengala
Põe a mente num
cativeiro
O chão úmido está
Sujo com barro de
solados desgastados
O lugar está mofado
E continuam os
soluços abafados
Mas e nada de flor
Nada de reposição
O morto não poderá
descansar
Sem nenhuma
prestação
Ninguém agüenta mais
– Tem que enterrar
Diz a velha com a
bengala
Que no momento, só
sabia resmungar
Vamos respeitar
Ela é a mulher da
vida do morto
Ou pelo menos era
Antes de tudo se
torna assim: meio oco
Eis que se ouve um
grito
A sobrinha Marieta
anuncia:
– Achei a mulher
roubada!
Estava jogada atrás
da porta
O soluço cessa
A flor é devolvida
ao seu lugar
A confusão se
encerra
E a velha põe-se a
chorar
A flor já foi
achada
A vida já tinha
sido levada
Junto daquela alma
inquieta
Podem enterrar
E no final
Lá se foi, a flor,
Ironia, quem sabe
Deixar um pouco de
vida
Junto daquele ser
já mortoBeatriz Mota
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