(por Camila Justino)
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São João Del Rei, Minas Gerais, 10 de abril de 2009, Sexta-feira da Paixão. O céu estava estrelado, a lua cheia, e um ar com cheiro de velas se espalhava na cidade. O chão fora coberto de tapetes com imagens sacras. As casas geminadas tinham suas portas abertas, as senhoras, crianças, maridos, esposas, turistas e quem mais podia se escoravam nas janelas num ritual típico. Eu me encontrava em uma dessas casas após a tradicional procissão, em que mulheres da alta sociedade local, todo ano é assim, estavam recebendo familiares e amigos ilustres. Claro que eu não era nem convidada, nem ilustre. Meu objetivo era ser uma bolha insólita naquele ambiente; afinal, minha mais nova missão era encontrar um entrevistado para o Blog do Bolha. As únicas coisas que eu tinha eram um gravador escondido na bolsa, uma taça de champagne na mão e um prazo fatal. Em frente à chapeleira, esperando a bandeja com camarão à milanesa, encontro a pessoa que estava procurando: Décio Nazareth, economista e jornalista de Belo Horizonte que, num mineirês inconfundível, se aproximou para uma conversa. Entre receosa e ansiosa armei meu gravador sem saber o que perguntar. Sabia apenas que deveria recolher uma conversa sobre leitura, tema da minha coluna. E não tive dúvida; estamos repletos de leitores espalhados pelo mundo, com vontade maior ainda de compartilhar suas experiências com as palavras, sejam elas lidas, ou escritas.
Décio: Sou economista, e jornalista também. Escrevo colunas de economia para economistas, mas o que me dá alegria é escrever crônicas. Inclusive publiquei dezenas de colunas sobre economia no Estado de Minas, e não havia tanta repercussão. Um dia eu escrevi uma história de crianças com a professora Elvira Montenegro, mãe do cantor Oswaldo Montenegro. Ela dava um tema na aula, depois pedia aos alunos para escrever. E escrevi uma crônica sobre os dizeres das crianças.
Camila: Como foi?
Décio: A professora contou a história de Romeu e Julieta e foi perguntando para as crianças: vocês morreriam de amor? Como é na história de Romeu e Julieta... Aí uma criança respondeu “Cai na real Tia!”.
Camila: Ninguém morre, ninguém morreria de amor hoje em dia! O senhor morreria de amor?
Décio: Se eu morreria? Eu morreria de amor pelos números!
Camila: É sééério? Mas não... Me fale agora um pouco das suas crônicas, você sempre gostou de escrever ou começou a partir do trabalho com a professora Elvira?
Décio: Eu sempre gostei de escrever...
Camila: E sempre foi um ótimo leitor?
Décio: Leitura é comigo mesmo. Não saio de casa, sem pelo menos ler durante duas horas, o que for, livros, revistas... Gosto de ler pela manhã, antes de ir para o trabalho sento e faço uma leitura. Então um dia resolvi escrever uma crônica e minha filha gostou muito, ela era pequenininha, tinha uns doze anos, aí ela falou “Escreve mais pai!”. Aí eu animei e escrevi um livro, é mais gostoso, mais descontraído do que escrever sobre economia, me deu um prazer! Esse livro que escrevi Trens que eu guardei, está inclusive, esgotado.
Camila: A leitura pode significar uma coisa diferente para cada um, para mim é tipo uma cura, onde encontro muitas respostas e perguntas também. Agora tem gente que está à procura apenas de uma boa história contada... enfim, pode ser que eu esteja falando uma grande bobagem... Mas me diga, o que significa a leitura para o senhor?
Décio: Ah, a leitura é tudo! É tudo! Eu não conseguiria viver sem leitura...
Camila: Não?
Décio: Não! É um aprendizado que você faz no seu dia a dia. Você aprende coisas fantásticas, coisas maravilhosas! É um constante aprendizado. Quando eu tinha quinze, dezesseis anos, meu sonho era ser preso e ficar numa cela cheia de livro, só para ficar lendo! Não tem telefone para atender! Eu queria é ficar com os livros! Porque o livro é uma viagem!
Camila: É verdade!
Décio: Hoje em dia vejo que a concorrência com a internet é muito grande, mas mesmo assim, não consigo ficar longe dos livro!
Camila: E nem consegue ficar longe da calculadora!
Décio: Calculadora dá sim, calculadora estressa...
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Décio: Sou economista, e jornalista também. Escrevo colunas de economia para economistas, mas o que me dá alegria é escrever crônicas. Inclusive publiquei dezenas de colunas sobre economia no Estado de Minas, e não havia tanta repercussão. Um dia eu escrevi uma história de crianças com a professora Elvira Montenegro, mãe do cantor Oswaldo Montenegro. Ela dava um tema na aula, depois pedia aos alunos para escrever. E escrevi uma crônica sobre os dizeres das crianças.
Camila: Como foi?
Décio: A professora contou a história de Romeu e Julieta e foi perguntando para as crianças: vocês morreriam de amor? Como é na história de Romeu e Julieta... Aí uma criança respondeu “Cai na real Tia!”.
Camila: Ninguém morre, ninguém morreria de amor hoje em dia! O senhor morreria de amor?
Décio: Se eu morreria? Eu morreria de amor pelos números!
Camila: É sééério? Mas não... Me fale agora um pouco das suas crônicas, você sempre gostou de escrever ou começou a partir do trabalho com a professora Elvira?
Décio: Eu sempre gostei de escrever...
Camila: E sempre foi um ótimo leitor?
Décio: Leitura é comigo mesmo. Não saio de casa, sem pelo menos ler durante duas horas, o que for, livros, revistas... Gosto de ler pela manhã, antes de ir para o trabalho sento e faço uma leitura. Então um dia resolvi escrever uma crônica e minha filha gostou muito, ela era pequenininha, tinha uns doze anos, aí ela falou “Escreve mais pai!”. Aí eu animei e escrevi um livro, é mais gostoso, mais descontraído do que escrever sobre economia, me deu um prazer! Esse livro que escrevi Trens que eu guardei, está inclusive, esgotado.
Camila: A leitura pode significar uma coisa diferente para cada um, para mim é tipo uma cura, onde encontro muitas respostas e perguntas também. Agora tem gente que está à procura apenas de uma boa história contada... enfim, pode ser que eu esteja falando uma grande bobagem... Mas me diga, o que significa a leitura para o senhor?
Décio: Ah, a leitura é tudo! É tudo! Eu não conseguiria viver sem leitura...
Camila: Não?
Décio: Não! É um aprendizado que você faz no seu dia a dia. Você aprende coisas fantásticas, coisas maravilhosas! É um constante aprendizado. Quando eu tinha quinze, dezesseis anos, meu sonho era ser preso e ficar numa cela cheia de livro, só para ficar lendo! Não tem telefone para atender! Eu queria é ficar com os livros! Porque o livro é uma viagem!
Camila: É verdade!
Décio: Hoje em dia vejo que a concorrência com a internet é muito grande, mas mesmo assim, não consigo ficar longe dos livro!
Camila: E nem consegue ficar longe da calculadora!
Décio: Calculadora dá sim, calculadora estressa...
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