escuto o som da motosserra elétrica
que o meu peito serra
escudo de osso que a serra serra
e faz barulho.
pó no ar
devia eu escutar essa lâmina dentada
que ausculta meu coração?
minhas costas coçam mas como
irei coçá-las?
jesus na cruz
atadas as minhas mãos estão
vejo o sangue que entra e sai
a serra ausculta e vasculha
a alma dói
tudo preto
algo tilinta dentro, eles colocam
minhas costelas no lugar
algo brilha dentro e não
são os arames
escuto um vulto
uma máquina de costura costura
e eu sobre a gelada mesa de
dissecação durmo. Pombas se
acidentam na janela.
estou vivo.
Josué Ralo
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