sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

As linhas do contemporâneo


A busca do homem é sempre incansável
É sempre questionadora
É Sempre destruidora
É sempre renovadora...
A esperança que se cria,
Gera dentro de nós, homens-sociedade
Uma dor de parto da qual todos olham a criança
E gostariam que fossem iguais.
Crianças uniformes, crianças não disformes.
Seguindo uma linha tênue
O que sempre chamamos – ou achamos por contemporâneo
É sempre o momento do não saber exatamente o que é isso,
É quando dentro de um quarto escuro o tempo de olhos abertos
Vai revelando a nós cada canto, cada cômodo, cada item daquele momento.
É um não-saber, se baseando nas linhas limítrofes
Nas separações, nas formulações, na conceitualização
Do que não se conceitualiza estaticamente: a literatura!
Será que a sociedade que se diz tão moderna
Ainda me recriminará pelo lixo que vejo arte?
Pela fera que vejo bela? Pela parte em que vejo um todo?
Pela tinta, pelo lápis, pelo eu sempre chamo de arte?
Estética, estilo, estilística, escrita, forma de violão...
Se prefiro curvas da Estrada Santos
Ou se prefiro as buraqueiras do meu subúrbio
Se vou de alto ao baixo...
Acaso não há estilo e conteúdo?
A Lei Áurea quebrou grilhões da escravidão
E pôs os negros em outras gaiolas.
Prisão é prisão!
A literatura foi liberta de preconceitos
Mas foi posta em moldes, da qual queremos libertar
Aqui, prisão também é prisão!
Por isso, cada dia que abrimos os olhos
E vemos que nem o nascer do sol é igual
Dá-nos a certeza de que
Somos seres plurais,
Somos o livro que se abre ao mundo
Que a tinta se pôs a escrever
Que alma se pôr a ler.

Adriano Souza

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