segunda-feira, 4 de abril de 2011

ELIZABETH TAYLOR

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Cresci ouvindo dizer:
“Sua mãe é tão linda quanto Elizabeth Taylor”,
A única diferença são os olhos:
Os de Liz, azuis com laivos de hortênsia,
Duas turmalinas;
Os dela, verdes como esmeraldas,
Próprios das feras felinas.

Em muito se pareceram:
Infelizes no amor,
Mimadas,
Enfermas no corpo e na alma,
Foram gatas em teto de zinco quente,
Cleópatras que fundaram reinos
No Oriente e no Ocidente.

Em muito se pareceram:
Fêmeas transgressoras,
Mas, no fundo, conservadoras,
Sonhando com maridos,
Filhos,
A família que podia ter sido,
Mas nunca foi.

Em muito se pareceram:
Rostos perfeitos de esfinge,
Seios brancos,
Colos pesados de colares,
Colunas esfaceladas
Por espadas invisíveis
Que brandiram nos ares.

Em muito se pareceram:
Amizades estranhas,
Maternais,
Com os loucos,
Desprezados
E marginais.

Cresci ouvindo dizer:
“Sua mãe é tão linda quanto Elizabeth Taylor”,
Por isso sei que a beleza comove,
Fascina,
Mas é efêmera,
Trágica
E acrescenta dores
Como uma sina.
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Raquel Naveira
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