terça-feira, 5 de abril de 2011

Ostinato

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Invariavelmente uniforme
Lentamente constante
Assim como no Bolero de Ravel -
Em que repetem-se cento e sessenta e nove vezes
Os dois compassos, de uma maneira preponderante -
Existe em mim
Um ‘tu’ estável, dominante
Onde ‘eu’ não conjugo verbo
Senão o de amar
E a primeira pessoa do plural
Vem antes da do singular
Afinal, de que seriam o ‘tu’ e o ‘eu’
Se não fôssemos nós?

Sigo lúcida
Sem muito o quê provar
Pois se na música
O imperativo está no que se ouve
(E não no que se diz)
De que, então, adiantaria
Insistir em me manter transparente
Se também em minha vida,
Ressalta-se fatalmente o que se sente
Aquilo que de toque não necessita?.
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Isabela Sued
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