quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cidade Cítrica

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*ninguém me cita*

Um poeta rasgaria esses interiores


Um deles
desidrata suas entranhas

desperdiçando seu êxtase

pelas ruazinhas

desertas de gênios

...........Ou de beleza


O apático passeio desse símio sutil


.......................................................Esse lacaio

opera delírio

nas desvias dos nomes

das coisas


esse ladino calculando um balão de lambreta

na paleta das cores que os comuns

pintam a ordem dos dias ordinários

não especula expansão


simplesmente ele

estica a perna do

...........................................“é” (ex.)



e a engancha num hidrante da

Gávea.


Desenrola o corpo da letra pela Jardim Botânico

.............................................................................Humaitá

........................................................................................Botafogo



...................................................................................................Catete

.............................................................................Lapa


....................................................................................



esse lúcifer

enlaça sete isopores de vender cerveja

e deixa que a mola da letra

destrua o resto


quando volta a sí

(a letra “é” (ex.))

tem dentro

um ajuntamento

desajeitado

juntado nesse jetè

de bairros


Dali,

os catadores

de coisas desimportantes

vão vagarosamentepinçando os poemas

na calçada transbordada

da praça Santos Dummontda sua janela

esse Chacal

range os dentes

de tanta alegoria

ele debulhou mais um dia

às vistas

haja ventilador na maresia.
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Pedro Rocha

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Pedro Rocha nasceu no Rio de Janeiro em 1976. Já participou de diversos eventos poéticos, como o CEP 20.000 e o Falapalavra. Em 2002, lançou seu primeiro livro, 11, pela Azougue. Em 2010 lançou Chão Inquieto, pela 7Letras.

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3 comentários:

uma história à margem disse...

pedro, encanto de gente, alma encantadora das noites do leblon, orai por nós ! nesse plástico cada vez mais bem bolado !

Anônimo disse...

Uma alegria esquenta meu coração ao ler tão belo poema, e cada vez mais penso que a transformação profunda da consciência da sociedade virá dos poetas, educadores de almas.

ARTE DO COTIDIANO Regina Neves disse...

Meu coração esquenta meu peito e expande alegria pelas veias a fora... a cada poema que leio mais tenho certeza que o transformação da consciência da sociedade vira dos poetas educadores de almas.